quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PRECONCEITO E RACISMO NAS ESCOLAS

                                                                                                                                        Benilson Toniolo

Todo preconceito é condenável. Quando parte de pessoas esclarecidas e com boa formação cultural, é revoltante. Quando parte de um homem público, como um deputado federal –cuja principal atribuição é a de representar o povo- então, é insuportável. Para fazer uso de uma expressão bem popular, muito em voga nos nossos dias: ninguém merece.
Com muita propriedade, a Constituição Federal de 1988 passou a considerar a prática do racismo como crime inafiançável, permitindo que qualquer pessoa que se sentir humilhada, desprezada, vilipendiada devido à cor de sua pele, religião, opção sexual, etc, tem o direito de recorrer à justiça contra quem cometeu tal atrocidade. Até o ilustríssimo Monteiro Lobato, um dos maiores intelectuais que este País já produziu, tem atualmente sua obra discutida devido a certas expressões usadas para se referir à personagem Tia Nastácia, no livro “As Caçadas de Pedrinho”, que seriam revestidas, segundo os burocratas de plantão, de referências racistas. Te cuida, Menotti Del Picchia.
O “caso Bolsonaro” deve ser um exemplo de intolerância ao racismo. Deve provocar na sociedade não apenas uma reflexão, mas sobretudo uma ação de indignação e uma exigência de que haja o julgamento e, se possível,  cassação de seu mandato, além do competente processo criminal que deve levá-lo à cadeia. Ou vai ficar tudo na mesma, no embalo da incapacidade que o brasileiro tem de reagir quando sofre alguma agressão?
Nas escolas observamos, diariamente, crimes de racismo, geralmente praticados entre os próprios estudantes, que mutuamente se ofendem como se isto fosse uma coisa normal. Para muitos de nossos jovens, inclusive no ambiente escolar, xingar alguém faz parte da sua rotina diária, e muitos inclusive não vêem mal nenhum nisso. Sinal dos tempos, talvez.
Cabe, pois, aos educadores, coibir a prática do racismo entre os educandos. Deve o professor ficar atento aos diálogos, às provocações e às ofensas, alertando que, a cada ato de racismo, o aluno comete um crime perante a legislação brasileira, e um crime dos mais condenáveis, posto que inafiançável. E que, no futuro, quando responder por seus atos, seguramente ser preso.
Mas o que fazer quando este crime é cometido pelo próprio professor? Muitas vezes de forma involuntária e por força do “hábito”, o educador acaba por cometer algum deslize, e deixa escapar uma frase, uma expressão,  uma piadinha despretensiosa, que certamente gerará no educando a desagradabilíssima sensação de estar sendo ridicularizado em público por aquele que deveria ser um exemplo de cidadania e respeito às leis. O efeito deste tipo de situação, muitas vezes, nem o tempo é capaz de dissipar.
É papel dos professores estarem permanentemente atentos para combater de forma vigorosa a prática do racismo e do preconceito, não somente na sala de aula, mas em todos os ambientes sociais, como agentes que são do desenvolvimento da Sociedade e formação de cidadãos responsáveis e participativos.

Em tempo: A manifestação dos professores da Rede Municipal de Ensino, ocorrida no último dia 28 de março e divulgada com destaque por este jornal, se constitui em um ato de legítimo direito de opinião e protesto. Retrata uma categoria unida, solidária e comprometida, e que deve continuar lutando por seus direitos, quando estes não forem respeitados. O que se espera é que, da mesma forma como saem às ruas para reivindicar ajustes salariais, passem também a exigir melhores condições de trabalho, equipamentos mais modernos, livros e outras melhorias, que lhes permitam cumprir suas tarefas com maior qualidade, comprometimento  e competência. 


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